A Aula Inaugural das Engenharias da Univates promoveu, na noite do dia 15 de março, com mais de 900 alunos no Teatro do Centro Cultural, a reflexão acerca da geração da energia elétrica. A temática foi desenvolvida pela Certel, cooperativa que atua na geração e distribuição desse tipo de energia; e pelo Comitê da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, que trabalha com a oferta, controle, proteção e uso de recursos hídricos.
Disponibilidade hídrica
A primeira palestra foi proferida pelo presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, Julio Cesar Salecker, que também é diretor de geração de energia da Certel. A temática envolveu o cenário da disponibilidade hídrica e hidráulica para a geração de energia elétrica.
Considerado o Parlamento das Águas, o comitê de gerenciamento é responsável por uma área de 26.268 Km², com 120 municípios, representando uma fatia de 9,3% do território gaúcho. Salecker frisou que os comitês decidem sobre os usos que a sociedade de cada bacia hidrográfica quer fazer das águas, com base na Resolução 121/2012, e o que é preciso realizar para que as águas tenham condições de qualidade para esses usos. “Futuramente, os comitês também decidirão quanto cada usuário precisará pagar para participar e ajudar na solução dos problemas hídricos, como também onde e em que serão gastos esses recursos”, destacou.
Sobre o aproveitamento hidrelétrico na área da bacia hidrográfica, Salecker informou que as hidrelétricas em operação geram um total de 713,21 megawatts (MW). São três usinas hidrelétricas (UHE’s), com potência de 360 MW; 19 pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s), com 345,01 MW; e 11 centrais geradoras hidrelétricas (CGH’s), com 8,2 MW. Há ainda projetos de futuras usinas que deverão gerar uma potência de 883,1 MW – 5 UHE’s, com 277,3 MW e 69 PCH’s, com 605,8 MW – e 18 inventários.
Salecker também apresentou um mapa da bacia, mostrando locais em que a geração hidrelétrica é permitida ou não, de acordo com determinações da Fepam. Observou ainda que, segundo consulta pública realizada com a população da bacia em abril de 2012, na categoria de usos não-consultivos (como geração de energia, navegação, diluição de esgoto e indústria), 90% dos votos deram preferência para a geração de energia elétrica. “Entre as estratégias do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), está a geração própria buscando a autossuficiência energética”, sublinhou.
Oportunidades na geração
Os desafios e oportunidades na geração de energia elétrica foram apresentados pelo gerente de engenharia e planejamento da Certel, engenheiro de controle e automação Hélio Eduardo Pires, graduado pela Univates. Ele iniciou sua explanação destacando a forte relação da geração de energia elétrica com o surgimento da Certel, em 1956. Este fato foi impulsionado através do primeiro presidente, Reinoldo Aschebrock, devido à construção de uma pequena barragem nos morros da localidade de Harmonia, responsável por abastecer o Distrito de Teutônia, na época ainda pertencente ao município de Estrela. “Somos a maior e mais antiga cooperativa de infraestrutura em atividade no país, reconhecida pela responsabilidade socioambiental e pelo desenvolvimento regional”, observou, acrescentando que a cooperativa atua em 48 municípios, dos quais 17 em sedes municipais, contemplando mais de 200 mil pessoas e englobando 85% da área de atuação na Bacia Hidrográfica Taquari-Antas.
Atualmente, a Certel possui quatro usinas: desde 2002, a PCH Salto Forqueta (6.124 kW), no rio Forqueta, entre Putinga e São José do Herval; desde 2005, a CGH Boa Vista (700 kW), no arroio Boa Vista, em Linha Geraldo, Estrela; desde 2013, a PCH Rastro de Auto (7.020 kW), no rio Forqueta, entre São José do Herval e Putinga; e, desde fevereiro deste ano, a PCH Cazuza Ferreira (9.100 kW), no rio Lajeado Grande, em São Francisco de Paula. “Com os quatro empreendimentos, totalizamos 22.944 kW de potência instalada, gerando energia limpa e renovável para 70 mil pessoas”, afirmou.
Pires também classificou os tipos de empreendimentos hidrelétricos de acordo com a potência gerada. A microgeração gera até 75 kW, a minigeração e as CGH’s de 75 a 3.000 kW, as PCH’s de 3.000 a 30.000 kW e as UHE’s a partir de 30.000 kW.
As etapas do ciclo de implantação de uma usina hidrelétrica desenvolvem-se a partir da estimativa do potencial hidrelétrico, inventário hidrelétrico, viabilidade, projeto básico, projeto executivo, operação e manutenção e comercialização. Concomitantemente, segue o processo de licenciamento ambiental para obtenção da Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO).
A empresa Mecamidi Wirz, situada em Estrela e que, desde 1922, fabrica turbinas, também participou do evento através da engenheira de produção, Karen Sanford.
Deixe seu comentário